(VI)VER DE NOVO
Bom Dia,
Com Paz e Alegria!
Em 2007 vivi a solenidade do Natal em terras do Sol Nascente, Timor-Leste. Na tarde do dia 24 de Dezembro, uma avaria na estação eléctrica do distrito de Manatuto, prixou-nos da luz. Contextualizando a situação o Pároco de Vemasse assim iniciou a homilia da Missa da Meia-Noite, em paráfrase ao texto de Isaías: «O povo que andava na luz, viu umas grandes trevas».
Mais umas horas e eis-nos a cantar ao Deus-Menino que, nascendo à meia-noite, vem como Luz do mundo.
Sei que estes dias não são dias de palavras. Somos convidados a concentrar-nos no Mistério d’Aquele que é a Palavra e que veio habitar no meio de nós. Entretanto, deixo esta «comunicação de vida», rabiscada ao longo destes últoms meses, num desejo de ir passando das trevas à Luz.
No dia 17 de Dezembro, às 17 horas, passados quase três meses após a primeira operação para extracção do cristalino da vista esquerda, sou submetido a nova e muito delicada intervenção cirúrgica na Clínica Oftalmológica Ribeiro-Barraquer, no Porto. Objectivo: a introdução e fixação de uma lente (cristalino artificial) no seu nicho intra-ocular. Apesar da anestesia e anestesia reforçada, as dores eram de arrasar. Lembro-me de ter voado espiritualmente até Timor-Leste, oferecendo tudo pela nossa mais recente aventura missionária. O amor suaviza a dor e transforma o sofrimento em força redentora, ou energia positiva, como preferem outros.
Algo de anormal se passava no bloco operatório. É muito raro, mas não impossível: o inesperado aconteceu em plena operação: o «descolamento monstruoso da coróide» (o dobro dos grandes descolamentos), com hemorragia e hematoma. Poderia ter sido a «morte» do olho esquerdo. Graças à pronta intervenção (poucos são os segundos disponíveis) do Dr. Paulo Ribeiro, em laboriosa parceria com a Dra. Teresa, sua esposa, foi evitada a catástrofe.
Era o dia 17 de Dezembro. Início da Novena do Menino Jesus, com destaque para as famosas Antífonas do Ó. Envolve-nos, nestes dias, uma especial presença de Nossa Senhora do Ó. Por coincidência, o rombo diagnosticado pela Dra. Sandra Moniz na vista esquerda aconteceu no dia 15 de Setembro, na Madeira, após a realização da XXI Semana Bíblica Diocesana. Celebrava-se, nesse dia, a festa de Nossa Senhora das Dores.
No tempo de São Paulo – há cerca de dois mil anos - ninguém sonhava em transplante de órgãos nem em implantação de cristalinos. Mas havia – tal como hoje – gente generosa e disposta ao impossível. Debatendo-se o Apóstolo com algum problema grave na vista, dá este testemunho a favor dos cristãos da Galácia: «Se tivesse sido possível, teríeis arrancado os vossos olhos para mos dar» (Gl 4,15). Dou graças ao Senhor porque, nestes tempos, irmãos e amigos têm sido olhos dos meus olhos, passos dos meus passos.
No primeiro escrito do Novo Testamento, o Apóstolo Paulo traça-nos um audacioso projecto de vida, que a Liturgia transcreve para os últimos dias de Advento, tempo da Esperança e da Certeza do Deus-Connosco: «Vivei sempre alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias, pois é esta a vontade de Deus a vosso respeito, em Cristo Jesus» (1 Ts 5,16). (Vai partitura em anexo).
O contraste é por demais evidente. Após a operação, seguiram-se dias de «angústia expectante», pois no período pós-operatório é ainda grande o risco de acontecer o mais temível: o descolamento e destruição da retina, com a «morte» do olho. Uma apertada vigilância, com idas diárias à Clínica, foi acompanhando a evolução do olho na sua complexa e muito delicada estrutura.
Vou tentando seguir o exigente programa apontado por São Paulo, muito semelhante ao clássico «sermão de perfeita alegria» de Francisco de Assis. Depois do Inverno vem a Primavera! Passo a passo. Lentamente.
Mas voltemos atrás nesta «comunicação de vida». No final do Apocalipse, São João descreve-nos o fascínio da Nova Jerusalém, deitando mão às mais variadas comparações. Destaco: «Tinha o resplendor da glória de Deus: brilhava como pedra preciosa, como pedra de jaspe cristalino» (Ap 21,11).
«Pedra de jaspe CRISTALINO». Em toda a Bíblia, é a única vez em que nos deparamos com tal vocábulo. CRISTALINO. Neste caso, um adjectivo. A palavra mágica que me acompanhou ao longo de 84 dias, mais noites que dias. Vivi todo este tempo sem o cristalino da vista esquerda. Aqui, como substantivo e muito substancial.
Tendo em conta que, desde Dezembro de 2001, a vista direita ficou reduzida a uns escassos 15% de visão, devido a uma trombose que afectou o nervo óptico, a nova situação equivalia a não ver, a viver nas «trevas», a fazer a experiência existencial do «Ensaio sobre a cegueira», evocando o nosso Nobel da Literatura. Uma situação de «violência», mas vivida na mais genuína solidariedade. Jamais esquecerei a estranha sensação experimentada no passado dia 25 de Setembro, ao ser-me retirado o penso que protegia a vista esquerda, após a operação – delicada e de alto risco – efectuada de urgência no dia anterior, pela mão certeira do Dr. Paulo Ribeiro, na Clínica Oftalmológica Ribeiro – Barraquer, no Porto. Uma Clínica que me acompanha desde o dia 18 de Fevereiro de 1959. Há operações a cataratas, a descolamento da retina, a glaucoma, a implantações de córnea… Agora fiquei a saber que há também intervenções cirúrgicas para extrair o cristalino. Neste caso, por ele se encontrar quase, quase a desprender-se, preso por um fio…Isto digo eu, «escrituristicamente falando» (como ouvimos na publicidade), pois ignoro os termos técnicos. Sei que «não sou o único a olhar o céu» cem o cristalino, mas como até hoje, não encontrei outros casos similares, nem sequer dá para uma «Associação do Cristalino»…
Um pouco à semelhança do cego de Betsaida, segundo a narrativa evangélica, passei a ver os «homens como árvores» (Mc 8,24) e as mulheres como flores…
Abortada a viagem para o Brasil, rumo ao ano sabático, marcada para o dia 27 de Setembro, e embora esteja destinado, neste triénio à Fraternidade de Fátima, pela proximidade da Clínica, fui acolhido na Fraternidade dos Capuchinhos do Porto, sob a atenta guia do Guardião e Mestre, frei Guedes.. Mesmo sem ficar hospedado na Enfermaria Provincial, encontrei em cada Irmão um solícito e cuidadoso «enfermeiro», com destaque para o frei Avelino que, além das centenas e centenas de variadas gotas a diferentes horas do dia, sempre me acompanhou nas inúmeras deslocações à Clínica. Nem todos os Irmãos são sacerdotes, mas todos se apresentam como «diáconos», vivendo a alegria de servir. É uma bênção integrar a Fraternidade do Porto. Cultiva-se a amizade, intensifica-se o estudo e a convivialidade, fomenta-se a alegria e o serviço fraterno, expande-se a simplicidade, pratica-se o diálogo inter-cultural (irmãos de Angola, Cabo Verde e Portugal), ensaia-se o «entrosamento» de gerações – extenso é o arco etário, desde os 22 anos do frei Valter aos 90 de frei Lourenço. Impensável a «interrupção da democracia» por um dia, muito menos por seis meses…É maravilhoso aperceber-se da «sinfonia do amor» na vida fraterna, num crescendo progressivo, sob a batuta do Espírito, o Divino Artista da Comunhão!
Concelebrar diariamente a Eucaristia é de uma riqueza incalculável. Quanto aprendi com cada Irmão que presidiu à celebração do «Mistério admirável da nossa Fé»! Com eles e através deles – cada um com sua marca peculiar – o Senhor deu-me a saborear uma vivência eucarística envolta na profundidade do Mistério pascal, na serenidade da contemplação, no compromisso eclesial e social.
Para mim, celebrar ou concelebrar nesta Igreja da Imaculada é sempre uma alegria muito íntima e a oportunidade de renovar o dom do Sacerdócio: foi nesta igreja e neste altar que, em Maio de 1968, e pelas mãos de D. Francisco da Mata Mourisca, que o Espírito do Senhor me revestiu do ministério sacerdotal.
Em muitos dias do Tempo Comum foi proclamado um dos Prefácios que me tem acompanhado mais de perto: «É verdadeiramente nossa salvação louvar e dar graças ao Senhor em todos os momentos da nossa vida, na saúde e na doença, no sofrimento e na alegria…» Louvado sejas, ó meu Senhor, por estes Irmãos sacerdotes!
Dou graças ao Senhor pela presença solícita e constante dos Irmãos Capuchinhos, dos familiares, de tantos amigos de perto e de longe. Solicitude solidária e oração confiante. Pude agora aperceber-me do incalculável valor de coisas muito simples, como o corrimão da mais pequena escada, ou as marcações dos degraus (que os pés também «vêem»). Mais valioso ainda do que qualquer corrimão é o braço acolhedor do irmão.
Não escondo que os primeiros momentos deste brusco desabar de projectos foram de ansiedade e de trevas. Não é fácil atingir a «perfeita» alegria, tal como o Jogral de Assis a descreve. Li algures que Nossa Senhora de Fátima aconselhou a Irmã Lúcia a adquirir uma máquina de escrever electrónica. A «vidente» poderia, assim, ampliar as letras e continuar a difundir a Mensagem de Fátima. Bendito choque tecnológico que nos possibilita ampliar as letras quase ao tamanho das tristes Torres Gémeas! Bendita lupa que me tem acompanhado nestas lides de alguma reduzida leitura e de escrita! Há outra Luz que não se extingue: «Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.» (Jo 8,12)
Claro. Desde o dia 25 de Setembro, ponto final na sedutora Internet. Amigos houve que julgaram descobrir-me on-line. Pura miragem. Uma que outra vez, e recorrendo à ajuda de «frei Leão» (o dedicado secretário de Francisco de Assis nos seus dias de cegueira), procurei dar seguimento a algum assunto mais premente, provocando deste modo certos equívocos.
É verdade que «só se vê bem com o coração». Mas também é verdade que «os olhos são as janelas da alma». Não consegui resistir à tentação de musicar de novo o clássico «De profundis», o Salmo 140: «Do profundo abismo chamo por Vós, Senhor…» Mas, alto aí! Apesar de viver no Porto, não me deixei contagiar pelo pesadelo que, durante algumas semanas, afectou o FC do Porto! O Salmo 140, porque é bíblico, arranca de um angustioso «abismo profundo», para desembocar num outro «abismo», ainda maior e mais profundo: o da misericórdia infinita do Deus do Amor.
Os olhos do coração descobrem riquezas impensáveis. Há filões de outras realidades para os que, na luz do Evangelho, vão purificando o seu olhar. Até o próprio Deus se deixa ver: «Felizes os puros de coração, porque verão a Deus» – proclamou Jesus no Sermão da Montanha (Mt 5,8).
Francisco de Assis, nos últimos tempos da sua vida, roído de sofrimentos e quase cego, ousou compor o mais belo Cântico ao Irmão Sol. (Durante esta época – com sérias dificuldades de enfrentar o Sol – fui informado do nascimento do «Irmão Sol», um blogue dos Antigos Alunos Capuchinhos, uma admirável iniciativa do António Colaço).
Com a inevitável dificuldade na celebração da Liturgia das Horas, procurei certificar-me no capítulo terceiro da Segunda Regra de São Francisco dos correspondentes Pai-Nossos, destinados aos Irmãos não clérigos. Intrigou-me a desproporção entre os 5 Pai-Nossos de Laudes e os 12 de Vésperas… Se, nestes meses, tivesse participado no projectado Curso de Franciscanismo em Marau, nos Capuchinhos do Rio Grande do Sul (Brasil), talvez o frei Sérgio me resolvesse estas questões de critérios estatísticos.
Sabe bem agora ter decorado (= enviar para o coração) alguns salmos, cânticos e hinos da Bíblia! Sempre me impressionou a cena daqueles 25 jovens jesuítas de Nagazáki (Japão) a sofrerem o martírio e a rezarem Salmos de louvor. «É que – regista o cronista da época – no catecismo costumavam ensinar alguns salmos às crianças». Era a «nova evangelização» do século XVI. Estou certo de que, nos dez anos de catequese da infância e adolescência, serão memorizados alguns Hinos e Salmos, assim como outros textos bíblicos. «A Palavra de Deus abre os olhos ao Povo».
Das orações que, desde miúdo, me ensinaram a memorizar, sobressai a Consagração a Nossa Senhora: «Ó Senhora minha, ó minha Mãe…» Foi preciso arrancarem-me o cristalino da vista esquerda para tomar consciência de que, nesta belíssima oração, o primeiro que consagramos a Nossa Senhora são «os meus olhos…» Não resisti à tentação de musicar esta tradicional Consagração a Nossa Senhora. O inciso «os meus olhos» sobe à nota mais alta da melodia. Nem podia ser de outro modo, dadas as circunstâncias da composição. (Vai partitura em anexo).
Nas primeiras semanas desta nova experiência, dei comigo a inventar mais uma versão do Rosário: o «Rosário da visão». Nele, o Pai Nosso é substituído pelo «Bendigo-Te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque revelaste estas coisas aos pequeninos…» (Lc 10,21), e a Ave, Maria pela prece do cego de Jericó: «Senhor, fazei que eu veja» (Lc 18,41). Posteriormente pareceu-me uma súplica algo redutora e egoísta. E até ousei introduzir uma pequena mas substancial alteração no texto evangélico: «Jesus Cristo, Luz do mundo, fazei que eu Vos veja!» (Vai partitura em anexo).
Limitado o dom da visão, outros sentidos são privilegiados. Nestes dias desfrutei, como jamais tivera tal oportunidade, da escuta serena e gratuita de alguns trechos da imortal música clássica. Quem poderá medir o prazer interior que se experimenta ao saborear as 9 Sinfonias de Beethoven, dirigidas por Karajan?! Ou a Paixão segundo São Mateus e São João, os Corais e Concertos de Brandenburg, a Missa em si menor de Bach? Ou o Messias de Händel? Ou as Quatro Estações de Vivaldi? Ou ainda a Flauta Mágica ou a assim denominada «Pequena Serenata em Sol Maior» de Mozart? Verdadeiros vislumbres da Harmonia, da Beleza e da Felicidade a que todos estamos chamados. Num êxodo da grande tribulação ao Coração da Trindade Santíssima. Porque Deus é Música! Terá razão um autor do séc. XVII, ao escrever: «No céu todos fazem música; o que fará lá aquele que aqui não quer saber de música?» Se, ainda na terra, jamais nos cansaremos de ouvir a Missa em Si menor, de Bach, qual não será, no Céu, o assombro dos eleitos, ao entoarem o Cântico Novo do Apocalipse?!
Mas há ainda uma outra música. Este convento do Porto dispõe de uma invejável quinta, património da Fraternidade dos Capuchinhos, mas uma mais-valia para a Cidade Invicta. E também um paraíso para a grande variedade de irmãos pássaros que aqui desfrutam a Paz e o Bem de um nicho ecológico e torrão franciscano. São intransponíveis para a pauta musical os seus cânticos matinais ou vespertinos. Deliciam-se os ouvidos do nosso coração com os seus louvores ao Altíssimo e Bom Senhor.
Mas, nem só de Música se vive! Do quotidiano de um fradinho fazem parte as lides domésticas. Ao franciscano São Boaventura foi-lhe comunicada a sua nomeação para Cardeal quando se encontrava na cozinha do convento a lavar pratos, tachos e panelas. Durante algumas semanas consegui um importante «emprego»: pôr a mesa e tocar a sineta para alguns actos comunitários. Sempre eram 16 ou 17 pratos rasos, outros tantos pratos fundos, o mesmo número de facas, colheres, garfos e copos, sem esquecer os três cestos com pão, os galheteiros, as três jarras de água, o vinho maduro e o verde, alguns sumos… E também o caderno «Alimentar o espírito» para a Oração sálmica antes das refeições. Mais atribulado foi o toque da sineta. Logo no primeiro Domingo, ao improvisar um sinal mais sonoro e festivo (Domingo é Domingo!), o pobre do badalo não resistiu a tal investida de estrondosa música «heavy metal» e saiu disparado pelo corredor fora…
Conclusão? Se nem um só cabelo da minha cabeça vai caindo sem o consentimento do Pai do Céu (cf. Mt 10,30), com quanta mais solicitude paterna Ele terá acompanhado a queda de um cristalino?! Tudo é graça de Deus! Tudo é dom do Senhor!
Permanecem algumas questões por resolver, à guisa de «alegações finais». Por exemplo:
· Dá impressão de que a Justiça em Portugal, quando se trata de punir algum «peixe graúdo» (género Casa Pia, BPN, Felgueiras…) está privada, não de um, mas de ambos os cristalinos…
· Continuo sem enxergar as notas de 500 euros. Mas esta parece ser uma dificuldade congénita…E nada que se compare à fraude de 50 mil milhões de dólares, do espertalhão americano. Uma questão de «minúcias» financeiras.
· Envolta num ambiente natalício, no sábado passado, a Académica, embora podendo amealhar três pontos, achou por bem oferecer um ponto ao Sporting, como prenda de Natal. Gestos da «Briosa» que dignificam o Desporto!
· Sei agora o quanto custa não ver as letras dos livros e revistas, ou as imagens da televisão. Mas reconheço que deve ser bem mais doloroso não «ver» um salário mínimo (mesmo que sejam os anunciados 450 euros para 2009) que cubra todos os dias, até ao último dia de cada mês.
Maravilha das maravilhas é «ver» com os olhos do coração o Altíssimo e Bom Senhor feito menino no presépio de Belém, ou transformado em pão e vinho no altar da Eucaristia.
Quem chegou até este ponto, bem merece as maiores bênçãos do Deus-Menino e um Novo Ano cheio de Paz e de Bem.
Em louvor de Cristo e de seus servos Francisco e Clara de Assis. Ámen.
Assino estas linhas no dia 22 de Dezembro. Um dia memorável para a Música eterna. Há 200 anos eram estreadas, em Viena (Áustria) a 5ª e a 6ª Sinfonias de Beethoven. É verdade que ainda vivo mais a dramaticidade da Quinta Sinfonia do que a festiva dança dos pastores da Sexta Sinfonia. Talvez por isso, o Dr. Paulo Ribeiro não me permita dizer que a situação actual «é já» uma prenda de Natal. Obrigando-me a um gerúndio, o máximo a que ele me autoriza é dizer que «vai sendo» uma prenda de Natal. Seja Deus louvado!
O abraço fraterno, amigo e muito agradecido,
Porto, 22 de Dezembro de 2008
frei Acílio
Olá amigo Colaço.
Presente à chamada... Caros amigos.
Não vão ser muitas mais, do que as 5 linhas pedidas. Ou até serão. Estou nos preparativos para a minha viagem de regresso a Portugal. E não vai poder ser aquilo que eu tencionava. Compensarei pelo Ano Novo,se me fôr possível.
Estava na minha mente, enviar algo relacionado com o Natal de 2008, mas seria depois de eu chegar a Portugal. Compreendo que a Internet não é igual em todo o lado, e que o Editor sente isso.
Na falta do melhor, tirei aqui uma fotografia que vai fresquinha, com neve e tudo, para servir de cartão de Boas Festas.
Amanhã dia 21, se Deus quizer, começarei a minha viagem de regresso. Não vão ser muito confortáveis as primeiras 4 horas de carro através do deserto, até chegar ao primeiro aeroporto na cidade de Kyzilorda, mas paciência... Já estou habituado. Aí um Folker 50, num vôo doméstico de 2 horas e 20 minutos, me levará até Almaty, capital financeira do Cazaquistão. (Today, not Kazakhstan...). O dia 22 será para descansar no Hotel, e no 23 pelas 3 horas da madrugada será a partida para mais 7 horas de avião, de Almaty até Frankfurt na Alemanha. E finalmente, de Frankfurt ao Porto mais 2 horas e 15 minutos, onde espero chegar por volta das 11 horas e 10 minutos da manhã. O almoço já vai ser em família.
Natal: (Depois contar-vos-ei mais em pormenor), Também vai ser de corrida, e a ceia de Natal não até nem vai ser em minha casa. Com a minha mulher e o filho mais novo, vamos a casa de uns cunhados em Soutelo-Vilaverde. Ceia tradicional onde não faltará (penso eu), o fiel amigo bacalhau cozido c/ penca da Póvoa.
Regressaremos a Cristelo – Barcelos, já na madrugada. Na minha aldeia ainda se mantém o Santo Costume de dar a Imagem do Menino Jesus a beijar no fim das Missas.
Quem foi que disse que as minhas viagens nesta época festiva tinham acabado? No dia 26, às 5horas da manhã, outra vez no Porto, com a minha mulher, para uma viagem até Toronto no Canadá, via Frankfurt. A maior parte da nossa famíla vive em Toronto: quatro filhos, quatro noras, uma filha, um genro, cinco netos e quatro netas.
O jantar da passagem de ano, vai ser no “Restaurante Casa Abril em Portugal”. (A minha filha já me disse que os bilhetes estavam pagos. Que não iria haver lugar para desculpas.Ela sabe que eu não gosto muito de noitadas).
Regressaremos a Portugal por volta de 10 de Janeiro. Depois eu conto alguma coisa sobre Toronto.
Natal... Menino Jesus,ficaste para o fim. Estou certo que me perdoarás. Só queria pedir-te: Que na Noite de Consoada estivesses com as Crianças que até o Pão lhes vai faltar, quando nós estragamos... Com as Crianças que não vão ter brinquedos, quando nós abusamos a comprar para os nossas. Com as crianças que não têm a quem chamar pai ou mãe. E já agora com aqueles que nesse dia se esquecem de uma prendinha para ti. Não és tu por ventura o “Aniversariante”? Happy Birthday- Feliz Aniversário. Que tenhas muitas prendas. Daquelas que gostas. (não daquelas que nós compramos nos shoping centers.
Com.votos de:
Boas Festas
Um abraço do tamanho do mundo
J. Casais
NOTA
As incontáveis cenas para conseguir editar, alta madrugada, esta verdadeira saga do nosso J.Casais!Mas valeu a pena, quer dizer, se na hora do clic derradeiro a rede não cair pela undécima vez!
Muito obrigado, João, uma vez mais, e Feliz Natal para todosos teus!
ac
'PROVAVELMENTE DEUS NÃO EXISTE' Anselmo BorgesPadre e professor de Filosofia
É possível que já em Janeiro, nas ruas de Londres, as pessoas se deparem com cartazes no exterior dos autocarros com estes dizeres: "There's probably no God. Now stop worring and enjoy your life" (Provavelmente Deus não existe. Então, deixe de preocupar-se e desfrute a vida).
NOTA
Para o nosso leitor Nuno Gaspar, algures, no Brasil, para quem já custa mais perder a leitura deste WEBANGELHO do que "perder a missa" a dedicação deste Webangelho.O Pe Anselmo ficou muito sensibilizado com a sua história. Não é a missa que está em causa, seguramente. Talvez, isso sim, algumas missas que são o contrário de tudo o que Jesus Cristo pediu que fizessem " em sua memória".Ler a Palavra de Anselmo, atrevo-me a dizer, anda tão perto de quase ter o Cristo aqui à mão, quer dizer, sentir a serenidade da sua mão, a indicar-nos o Caminho, a sua "memória" viva. SEMPRE PRESENTE. Deus, PRESENTE, afinal.
antónio colaço
BOAS FESTAS
Tal como há dois mil anos, a enregelada noite de Dezembro deve ter metido medo àqueles que procuravam nas redondezas da grande cidade um lugar onde o Deus Menino pudesse nascer.
Ele que tinha criado Dia e Noite, e tinha visto que tudo estava bem, esqueceu-se desse pequeno pormenor, um lugar para nascer e, de preferência, com a luz do dia.
É certo que criou as estrelas e os olhos para que pudéssemos adivinhá-las e, assim, reconfortados e um pouco mais seguros, poder segui-las.
Na noite que persiste em pairar no nosso Portugal, há uma luzinha que se acende no Largo das Cortes
tranquilizando-nos de que, afinal, há um caminho.
Acredito que em 2009 vamos poder encarar as noites
com muito mais tranquilidade.
As estrelas só precisam da nossa cumplicidade.
NOTA
Até este momento, 19.15 de Sexta, o nosso correio não registou mais colaborações, tal como solicitado. As condições de edição lá na aldeia não são as melhores. A ver vamos. Não deixem de nos enviar o que desejarem.Talvez que em 2009 possamos contar com mais empenho. A todos, na mesma, Feliz e Santo Natal.ac
NATAL
O Colaço pediu-me 5 linhas sobre o Natal. Mas não me disse o comprimento delas. Achei que o melhor modo era enviar-lhe estas linhas do meu primeiro livro de poesia e desafiar os amigos desta Página a descobrirem, dentro de si mesmos, o que é para eles o Natal. Ou gostariam que fosse. Ah, e já vão 5 linhas.
Natal: palavra feita, ou a fazer?
Deus nascido, ou a nascer?
Flor, espinho ou fruto?
Humano produto de humana condição,
ou certeza de um Deus que é nosso irmão?
Ah, não me pergunteis o que é Natal.
Bem o sentis e sabeis
nesse clarão de alma diferente,
nessa vontade de ser cordeiro,
de se fazer irmão de toda a gente,
de dar presentes sem ter dinheiro
e de se dar em todos os presentes
LOPES MORGADO
in AGORA QUE NASCI – poema do natal intemporal
Multinova (1976) 44.
NOTA
É evidente que as cinco linhas não passa de uma figura de retórica para que o redactor não continue a fazer a má figura de solicitar, a toda a hora, a vossa colaboração. Lá se diz, cinco linhas ou ... cinco mil!
ac