Quinta-feira, 27 de Novembro de 2008
LEITURA/Actualidade
Olá!

Saudades nossas?!

Vem por aí qualquer coisa a caminho.

Até lá, recomendamos uma Leitura actualizada de um take da Lusa, de agora! Dá para acertar o passo com a História, ou, interrogarmos, da História os seus tantos e mais recentes passos:

capitalismo

Capitalismo vive crise complexa

que parece ser crise civilizacional


Coimbra, Portugal 27/11/2008 13:43 (LUSA)Temas: Economia (geral), Direitos humanos, Sociedade

   Coimbra, 27 Nov (Lusa) - O sociólogo Boaventura de Sousa Santos considerou hoje, em Coimbra, que o capitalismo atravesssa "uma crise muito significativa e complexa", que "parece ser uma crise civilizacional".


    "Já não é apenas uma crise económica, mas parece ser uma crise civilizacional", considerou o director do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra (UC), na conferência inaugural do colóquio internacional "Desafios aos direitos humanos e à justiça global: a luta pela igualdade e pelo reconhecimento da diferença".

    Na sua palestra, intitulada "Direitos Humanos ante os Desafios da Desigualdade Social e da Diversidade Cultural", o sociólogo disse que, apesar de complexa e significativa, "não parece que esta seja a crise final do capitalismo".

    "Não se vislumbra o fim do capitalismo mas também não se imagina que não tenha fim, porque tudo o que existe na História tem fim", referiu, adiantando que "não sendo uma crise final, também não se imaginam soluções".

    De acordo com o catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, esta crise assume "quatro tempos diferentes, contraditórios": o tempo financeiro, económico, energético e ambiental-climático.

    "O mais significativo nesta crise é que ela não foi produzida pelas forças progressistas que se afirmaram ao longo dos últimos 30 anos como forças de esquerda, ela resulta do suicídio do neoliberalismo", sustentou.

    Na sua intervenção, Boaventura de Sousa Santos defendeu "uma construção contra-hegemónica dos direitos humanos", baseada em três orientações, nomeadamente em "descolonizar o poder e o saber, democratizar a democracia e produzir para viver e para deixar viver".

    "A maioria dos cidadãos do mundo são objectos de direitos humanos, não sujeitos de direitos humanos. É necessário criar uma imagem reinventada, reenergizada dos direitos humanos para abrir e dignificar as emergências dos direitos humanos como uma linguagem forte de emancipação", defendeu.

    Ao intervir na sessão de abertura do colóquio, Pedro Duarte Silva, chefe de gabinete do secretário de Estado Adjunto do ministro da Justiça, considerou que os direitos humanos constituem "o Alfa e o Ómega de um Estado de Direito".

    "O Alfa, porque os direitos humanos são o princípio fundacional de um Estado de Direito, cuja estruturação e procedimentos neles assenta e com eles concorda. O Ómega, porque os direitos humanos são o horizonte escatológico de um Estado de Direito, que jamais poderá eximir-se a incessantemente os garantir e procurar promover", considerou o chefe de gabinete, que representou o secretário de Estado José Conde Rodrigues.

    Especialistas portugueses e estrangeiros participam no colóquio que termina sexta-feira no auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra, organizado pelo CES e inserido nas comemorações dos 30 anos desta instituição de investigação.

MCS.


publicado por animo às 15:54
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Terça-feira, 25 de Novembro de 2008
WEBANGELHO.Palavra de Deus?
freibento2

PALAVRA DE DEUS?

Frei Bento Domingues, O.P.

 

O que nos salva ou nos perde é a atenção ou a indiferença perante os necessitados


1

Em tempos de grande crise económica gerada por métodos de corrupção e de especulação financeira, os temas de vigilância, de rigor nos grandes projectos, de apertada regulamentação da banca, de cuidada avaliação profissional acompanham os telejornais com cenários de catástrofe global.


 

 

 

Quem procurar alívio e consolação nas igrejas arrisca-se a uma grande decepção. Se não quiser ser vigilante e viver embalado em palavras de "paz e segurança" - como se dizia no domingo passado -, encontra-se com o inesperado. Sentir-se-á mesmo revoltado com o que vai ouvir da chamada "Palavra do Senhor" ou "Palavra da salvação".
2.

Na liturgia outonal, os cristãos são confrontados com as perturbadoras narrativas do capítulo 25 do Evangelho de S. Mateus.
Na primeira - a do contraste entre "as virgens loucas e as prudentes" - espelha-se um mundo egoísta e sem compaixão. Na segunda - a dos "talentos" - glorifica-se a arte de tornar os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Vem a terceira - a da avaliação final da história humana -, na qual seria de esperar uma boa saída para um mundo tão cruel. De facto, a justiça parece perfeita. Aos bons o Filho do Homem dirá: "Vinde, benditos de meu Pai, recebei como herança o reino que vos está preparado desde a criação do mundo." Para os maus, a sentença é outra: "Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o demónio e os seus anjos." O conjunto deste celebrado capítulo, construído numa sequência de três narrativas, acaba assim: os maus irão para suplício eterno e os justos para a vida eterna.
A sentença do chamado "juízo final" é baseada no comportamento histórico dos bons e dos maus. E parece sublime. O encontro com Cristo ou a sua rejeição, isto é, o encontro com a salvação ou a perdição, não depende de nenhuma prática religiosa codificada com prémio ou castigo previamente fixado. O juiz deste processo andava clandestino na vida das pessoas: tive fome e deste-me de comer; tive sede e deste-me de beber; era peregrino e me recolheste; não tinha roupa e me vestiste; estive doente e vieste visitar-me; estava na prisão e foste ver-me.
Os bons, os justos, ficam espantados: Senhor, quando é que te vimos com fome, com sede, peregrino, sem roupa, doente ou na prisão? A resposta é inesperada: "Quantas vezes o fizeste a um dos meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizeste." Em relação aos maus, basta mudar o sinal de positivo para negativo: "Em verdade vos digo: quantas vezes o deixaste de o fazer a um dos meus irmãos mais pequeninos, também a mim deixaste de fazer."
3

Temos, aqui, a clandestinidade de Deus e de Cristo no seu máximo ocultamento. Nem quem fez o bem, nem quem fez o mal sabe que estava a servir ou a ofender a Deus. Também não pensa em prémio ou castigo. O que nos salva ou nos perde é a atenção ou a indiferença perante os necessitados.
A qualidade moral desta narrativa é simplesmente admirável. A qualidade religiosa não é confessional. A atenção e a ligação extremas - características da religiosidade - realizam-se no cuidado concreto com quem precisa, só porque precisa. Neste dom, existe um secreto movimento e encontro com o Infinito. É, pelo menos, a interpretação do Senhor desta história. No entanto, o juiz do bem e do mal, por mais justo que se mostre, não se parece muito nem com Jesus Cristo, nem com o seu Deus de pura misericórdia. Um inferno eterno é uma maldade que nem um autor tão ortodoxo e tão louvado por Bento XVI, como H. U. von Balthasar - apresentado, aqui, no domingo passado - conseguiu suportar. Como alguém me observou, o final desta narrativa está em contradição com o mandamento do próprio Jesus, apresentado neste mesmo Evangelho de S. Mateus: "Ouvistes o que foi dito: 'Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo.' Eu, porém, digo-vos: 'Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.' Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está no céu, pois Ele faz com que o sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores. Porque, se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem já isso os publicanos? E, se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste."
Será que S. Mateus tinha pouca memória e, passados vinte capítulos, já não se lembrava da originalidade radical do caminho cristão que tinha proposto?A este respeito - e sobretudo depois do recente Sínodo dos Bispos sobre a glorificação da "Palavra de Deus" - importa perguntar para não cair em fundamentalismos: que entendemos por esta metáfora? Como diz Schillebeeckx, a auto-revelação de Deus é dada em experiências humanas interpretadas. Nunca temos acesso à "Palavra de Deus" de modo imediato. Estritamente falando, a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas um conjunto de testemunhos de fé de crentes que se situam numa tradição particular da experiência religiosa. É por isso que, no uso litúrgico, utilizo o menos possível a conclusão solene, "palavra do Senhor", precisamente porque Deus nunca fala assim. São crentes que falam. Voltarei a este tema.

 

 

NOTA

Esta reflexão de Frei Bento Domingues, no Público do passado Domingo ( alertando para o facto de os sublinhados, aqui no irmão sol serem da nossa responsabilidade) convoca-me para a urgência de o ter aqui, entre nós, ajudando-nos a reflectir em que medida é que a net, este nosso WEBANGELHO, pode ajudar a questionar o tradicional Evangelho no sentido de, cada vez mais estarmos atentos a todas as nuances e perspectivas históricas com que a "Boa Nova" é abordada por quem sabe, estuda e pesquisa.

Sim, quero acreditar que Deus, pela acção do Espírito, jamais decidiu fechar-se em copas e nunca mais nos ligar "peva"!

Sim, escolho este português chão, porque acredito que, deste ponto de vista, muitas das nossas comunidades, sobretudo do interior, ainda vivem dominadas pela ideia do pecado (como bem referiu o Pe Anselmo, ali mais abaixo!)  e da inquestionabilidade da actualidade da sua mensagem. Ou seja, dava muito jeito que o Espírito voltasse a descer sobre nós, agora ao ritmo do sec XXI, qualquer coisa como, Deus revela-se aos homens uma vez por século, ou, Deus revela-se uma vez por ano para actualização da sua mensagem, ou, ainda, e melhor, Deus não quer que percamos tempo a interpretar e actualizar o que disse há milhares de anos, simplesmente porque Deus É, e ponto final, não há cá internet que resista.Isto é verdade para o mais humilde pastor da Serra da Estrela, sem nenhum "Magalhães" à mão, como para o mais actualizado e refinado webmaster da capital. Permanece, pois, esta fome: qual a melhor interpretação do que Deus disse para que melhor O possamos amar ou, do Deus que anda connosco imune ao tempo porque Ele mesmo É o único Tempo, imune a "interpretações" e, sim, desejoso de intercomunicações várias.

É por isso que digo a Deus, a cada momento que passa, obrigado por estares sempre comigo, mesmo que não esteja Contigo sempre. Quer dizer...

ac 



publicado por animo às 16:07
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DEUS NÃO ME CHAMOU SÓ PARA ELE.Frei LMorgado dixit
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Olhando para o seu “currículo”, não é fácil dizer se é um religioso activo ou contemplativo…

Frei Lopes MorgadoAinda bem. São Francisco, no princípio da sua conversão, também duvidou se devia dedicar-se a uma coisa ou a outra. E as pessoas a quem consultou foram unânimes em aconselhar que devia dedicar-se às duas, pois Deus não o tinha chamado só para ele. Se quiser saber, o meu grande ideal e aquilo que me fez avançar no meio das hesitações na vocação, foi a vontade que sempre tive de ser missionário, de evangelizar, de pregar. Certamente, pelos bons testemunhos dos missionários que passavam pelo Seminário e nos falavam do seu trabalho. Afinal, como eu costumo dizer, puseram-me a roer papéis...

NOTA

Esta é uma entrevista a que pode ter inteiro acesso aqui e concedida à Revista STELLA. Tropeçámos nela por via de um blogue. É este lado da rede que nos fascina se o utilizarmos no sentido do nosso crescimento mais do que apoucamento (sim,sei do que falo!).

Além do mais esta ideia de Frei Morgado articula-se com uma outra, que já aí vem, de Frei Bento Domingues ."O que nos salva ou nos perde é a atenção ou a indiferença perante os necessitados".

Boa leitura.

 

 


 
 



publicado por animo às 12:46
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DENTRO DE MOMENTOS: Frei Morgado
natal_arvore_2007_072
Para melhor se compreender o empenhamento de Frei Lopes Morgado, sugerimos que acompanhem, dentro de momentos, esta indicação de " siga o link ", versão moderna dos pastorinhos de Belém seguindo a estrela! Fica bem este pequeno gif natalício!!!

ac



publicado por animo às 12:11
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Segunda-feira, 24 de Novembro de 2008
Está lindo o Arquivo Histórico de Abrantes
arquivoabrantes
Está lindo o teu Arquivo Histórico, meu querido Amigo Eduardo Campos!
Estive lá, há poucas horas, já a madrugada ia alta.
, onde estás, assististe, de certezinha, à conversa que tive, há dias, com o teu João, que já não via há tantos anos, talvez desde que partiste, e a quem disse:
 -Sabes quem é que está a fazer o Arquivo Histórico do teu Pai, meu?!É um outro João, o Arquitecto João Colaço, meu filho, tás a ver?!
Eduardo, ontem, foi uma noite muito especial como também a estas horas já sabes. Um frio enregelado descia pelo cabeço, envolvendo a área de implantação do teu Arquivo Histórico, ali para as bandas da Chainça,  mas, mesmo assim, não perdi a rara oportunidade, nesta ensaiada espécie de regresso a Abrantes, de poder vislumbrar, pela primeira vez, a nocturna aura do Arquivo que o meu querido filho para ti concebeu. Digo bem, a-u-r-a ! De facto, dentro de breves dias, não te vão faltar ocasiões para inspirares e assistires aos teus seguidores na afirmação da moderna historiografia abrantina de que foste um dos mais dinâmicos paladinos. E deixa-me que te diga - sim, tu já sabes, mesmo antes que o afirme, que sou suspeito - que o projecto do meu João, arquitecto, o seu primeiro grande projecto - um desafio enorme para quem estava a sair da faculdade - expressa com a sua “pala” longitudinal, todo um conceito que te assenta que nem uma luva: acolhedor! Sim, aquela vai ser a grande casa que vai acolher toda a documentação, todos os rastos do que fomos.
Ou seja, acolhedor no seu aspecto, dedicado ao estudo do passado, estou certo, Eduardo, que dali sairá muito estudo suado que levará as novas gerações a não se quedaram pelo estudo do que aconteceu mas, sobretudo, estudarem, altamente documentados, o fazer acontecer a que estão, desde agora, obrigados.
É um privilégio poder, por via do esforço do arquitecto João Colaço, retribuir, assim, também,  os mil e um apontamentos com que te chaguei para tornar mais apetecíveis os dias da rádio que, um dia, me levaste a conhecer no cabeço das Arreciadas e ambos, também, e de que maneira, ajudámos a crescer.
A esta boda vou, meu caro Eduardo, mesmo que não convidado. Era o que faltava!
ac
NOTA
Nada no gmail!Logo....não baixamos os braços!
Ora aqui está outro exemplo que demonstra o tipo de coisas de que podemos falar materializando aquela máxima do irmão sol de que, não queremos falar, só, do que connosco aconteceu e, sim, também do que connosco pode e deve voltar a acontecer! Quem diz connosco, diz, com os nossos.Aqueles a quem gerámos, fruto da opção que tomámos.O que não nos torna a-franciscanos e, sim, franciscanos de corpo inteiro.
É o caso.Hoje, falo do primeiro grande projecto do meu filho João Colaço, arquitecto.
E tu, de que queres tu falar sobre os teus filhos?!
ac


publicado por animo às 20:37
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Vésperas
outonomacao2
Mação, Largo do Cineteatro.

São de grande coragem as imagens que as árvores, por estes dias outonais, nos dão. Uma a uma, sem uis nem ais, as amarelecidas folhas despedem-se dos robustos ramos das Mães-árvores que, durante alguns meses, delas se serviram para receber do sol o seu clorofilizado alimento.

Um festival de cor mesmo na adivinhada dor ou, talvez não, porque, em breve, serão húmus, serão chão e, lá mais para a frente, Primavera e seiva até mais não.

Obrigado, bom Deus, por esta lição. Sempre que algo nos falta, distraídos, julgamos-Te ausente, ignorando que só Tu és a eterna Primavera, sempre Presente.

ac


publicado por animo às 19:15
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Domingo, 23 de Novembro de 2008
WEBANGELHO.O amor de Deus é Infinito
adaoeva
NR -A riqueza da reflexão do Pe Anselmo desta semana é de uma profundidade que faz com que deixemos para amanhã o WEBangelho de Frei Bento Doningos. É daqueles textos para ler e reler, passar a palavra aos familiares e amigos, numa reconfortante tarefa de LIMPAR o que em nós são ainda ideias adquiridas e que nos condicionaram durante muito tempo o acreditar num Deus de que, afinal, nos sentimos cada vez mais próximos. Quer dizer, de um Deus que, afinal, está bem dentro de nós, à espera que o descubramos e nessa descoberta a REVELAÇÃO de que a FELICIDADE é algo que, desde sempre, esteve ao nosso alcance fruir, desde já, AQUI E AGORA. É com contributos destes que as coisas se tornarão mais fáceis a todos os níveis. Ou seja, a PAZ - as nossas pequenas guerras, que depois derivam nas que conhecemos - está ao nosso alcance.Só quem persiste em não abrir os olhos é que sofre por não querer descobrir a razão do seu sofrimento.E quem é que não deseja ser feliz? Afinal, é de uma ESCOLHA que se trata. Toma lá esta ajuda. O Pe Anselmo sente-se muito feliz por se saber lido e ouvido pelos leitores do irmão sol!
Um bom domingo e, se quiseres "perder" cinco minutos para nos enviares/partilhares a tua leitura ...ac
anselmoborges_deus21
INFAUSTA DOUTRINA DO PECADO ORIGINAL
Anselmo Borges
Padre e professor de Filosofia

A impressão geral que me ficava da religião nos tempos da catequese não era luminosa. Pelo contrário, tudo aquilo transmitia um mundo bastante tenebroso, a ideia de um Deus castigador e de nós sujeitos a um destino de submissão trágica. Os primeiros pais tinham pecado, Deus andava irado com a gente e Jesus sofria na cruz para ver se nos libertava. A alegria era um roubo e a palavra Evangelho, que quer dizer "notícia boa", não pousava sobre nós nem nos aquecia.

O que infectava o cristianismo era a doutrina infausta do pecado original. Escreveu o célebre historiador católico Jean Delumeau: "Não é exagerado afirmar que o debate sobre o pecado original, com os seus subprodutos - problemas da graça, do servo ou livre arbítrio, da predestinação -, se converteu (no período central do nosso estudo, isto é, do século XV ao século XVII) numa das principais preocupações da civilização ocidental, acabando por afectar toda a gente, desde os teólogos aos mais modestos aldeões. Chegou a afectar inclusivamente os índios americanos, que eram baptizados à pressa para que, ao morrerem, não se encontrassem com os seus antepassados no inferno. É muito difícil, hoje, compreender o lugar tão importante que o pecado original ocupou nos espíritos e em todos os níveis sociais. É um facto que o pecado original e as suas consequências ocuparam nos inícios da modernidade europeia o centro da cena mundial, sem dúvida muito atribulado."

No entanto, a doutrina do pecado original, no sentido estrito de um pecado transmitido e herdado, não se encontra na Bíblia. Jesus nunca se referiu a um pecado original.

Na sua base, encontra-se fundamentalmente Santo Agostinho, a partir de um passo célebre da Carta de São Paulo aos Romanos, capítulo 5, versículo 12. Mas ele seguiu a tradução latina: Adão, "no qual" todos pecaram, quando o original grego diz: "porque" todos pecaram. Ora, uma coisa é dizer que todos são pecadores e outra afirmar que todos pecaram em Adão, como a árvore fica infectada na raiz, de tal modo que todos nascem em pecado do qual só o baptismo os pode libertar. Santo Agostinho deixava cair no inferno, mesmo que menos terrível, as crianças sem baptismo. Durante séculos, houve mães tragicamente abaladas, porque os filhos morreram sem baptismo.

A Santo Agostinho serviu esta doutrina sobretudo para, convertido do maniqueísmo ao cristianismo, "explicar" o mal no mundo, que não podia vir do Deus criador bom.

De facto, baseou-se numa exegese errada. E quem não sabe hoje que o que diz respeito a Adão e Eva e à queda é da ordem do mito? Adão e Eva não são personagens históricas. Depois, se eles ainda não sabiam, como diz o texto do Génesis, do bem e do mal, como podiam pecar? O que o texto diz é outra coisa, e fundamental: o que caracteriza o Homem frente ao animal é a liberdade. O Homem já não é um animal como os outros: tem auto-consciência, sabe de si como único - a nudez metafísica - e que é mortal.

Mas os estragos desta doutrina infausta foram e são incalculáveis, sobretudo a partir do acrescento de Santo Anselmo e a sua doutrina da retribuição: os primeiros pais cometeram uma ofensa contra Deus infinito e, assim, era necessária uma reparação infinita para uma dívida infinita que só o Deus-homem Jesus podia pagar na cruz.

Ficou então a ideia de um Deus por vezes monstruoso, que precisou da morte do Filho para reconciliar-se com a Humanidade. Mas como era isso compatível com o Deus amor? Porque o pecado se transmitia pelo acto sexual, a sexualidade, o corpo e a mulher ficaram envenenados, numa situação dramática: era preciso continuar a gerar filhos - no limite, a actividade sexual só se legitimava para a procriação -, mas eles eram gerados em pecado e a mulher trazia o pecado dentro dela.

Porque é que o primeiro acto humano da História havia de ser o pecado? Hoje, com a teoria da evolução, a contradição torna-se maior. E, afinal, o que São Paulo diz no passo célebre da Carta aos Romanos é uma mensagem de esperança: todos os seres humanos pecam, o pecado do Homem é grande, mas o amor de Deus é maior. Infinito.


publicado por animo às 09:10
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MARCO DO CORREIO COM OS IRMÃOS SERITO E VAZITO!!!
Boa noite gente trabalhadora!!! (desculpem se me enganei...)

(NR-Nem tu sabes a que horas isto foi editado, meu!!!)
 
Acabo de chegar de Guimarães, a cidade berço, depois de uma audição do Guimarães Jazz. Bendigo a Deus por me ter regalado com uma sessão de jazz, música intemporal que me enche a alma e abre o coração. Sim, sou um apreciador deste género e de blues, assim como de música sacra e da nossa música tradicional.
Seguindo a sugestão do Colaço, ainda puxei do telemóvel para bater um flash, mas... azar do diabo: estava sem bateria!

 

jazzguimaraesc00kers 
  A minha ausência, temporária, no blog deve-se a uma gripe irritante que teimava em não passar. Mas agora recomposto prometo voltar ao nosso convento virtual, enriquecido com novos contributos de elevada qualidade, bem gerido pelo nosso querido irmão Colaço de Cardigos, Mação, Alcains, bom cidadão do mundo,mais conhecido entre nós pelo Frei Farófias.
 

 Depois desta caminhada à luz do "irmão sol" continuo ansioso pelo aparecimento de companheiros, professores e irmãos auxiliares que para mim constituíram referências éticas e morais, tanto no Seminário Menor, no Noviciado, como no Seminário Maior.
      Fico feliz pela participação, desde a criação do blog, do Frei Lopes Morgado, o saudoso e competente professor de francês e música. Não será por acaso que, ainda hoje, "parlo" razoavelmente "avec" e apesar de músico falhado ainda não esqueci alguns fundamentos que, o então, Frei Agostinho de Vilar nos ensinou.
      Sobre a marca indelével que nos foi dada pela formação religiosa, moral, cultural e humana no seminário, irei referir, gradualmente, ao longo das minhas intervenções.
     Isto começa a resultar rapaziada!!! Hoje tive o prazer de receber o contacto do Armando Pinto, da Longra - Felgueiras,  domínio do mosteiro de Pombeiro. Uma das questões que me preocupa tem a ver com a informação que o Armando Pinto me deu sobre o primo, o Rosário de Felgueiras. Este ex-atleta e brioso ala direita da minha equipa (eu era o capitão), debate-se com problemas de saúde originados por um acidente vascular cerebral. Ao que informou o Armando Pinto, o Rosário está perfeitamente lúcido, somente não consegue comunicar verbalmente.
     Pedimos encarecidamente ao Armando, que apresente ao primo as nossas cordiais saudações e um abraço fraterno dos companheiros que, com ele, partilharam o mesmo tecto, as brincadeiras e traquinices de então. Acreditemos que o Rosário vai recuperar a sua voz.
     Não quero sobrecarregar os meus irmãos com algumas sombras, geradoras de preocupações. No entanto, devo dizer que no  encontro de 2006, em Gondomar, reparei que outro brioso atleta da minha equipa (filial do Vitória de Guimarães), o Delfim de Castelo de Paiva, se encontrava doente. Como não o vi neste Encontro, pergunto: - alguém sabe algo sobre o Delfim?
     Agora o que me surpreende é a ausência, do espectro cibernético, do pessoal do meu ano! Onde param o Agostinho Mendes, O Carlos Rito, o Joaquim Afonso, o Francisco Martins, o João Teixeira e outros?
O povo do meu ano é generoso, solidário e muito sociável. Vamos lá rapaziada a encher-nos de brios, acompanhando o nosso artista reitor, Frei Colaço!! Basta de penumbra; um pouco de luz do "irmão sol" tonificará o espírito de grupo que sempre nos caracterizou.
     Vamos todos ao baú empoeirado e projectemos luz sobre fragmentos da vida que partilhámos durante anos.
     Não vos maço mais, pois a minha esposa e filhos, já me chamaram para jantar.
     Boa noute do A. Henriques Vaz
 P.S. Aqui vai uma lembrança para o Sério

digitalizar0302122
NR-Uma delícia!Isto merece comentário mais logo!


publicado por animo às 03:20
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MARCO DO CORREIO COM GIRASSOL DENTRO!
Meu caro Colaço e companheiros:

Aqui está uma actualização do Girassol de S. Francisco.

girassolzacarias2aComo podem ver ele continua em franco crescimento.
Tal como a sua missão cresceu a partir da pequena igreja de S. Damião, também este girassol cresceu de um pequeno vaso e floresceu.

Um abraço e até à proxima actualização.

Zacarias Rito (1966)

NOTA DA REDACÇÃO

Companheiros - gosto disto, Zacarias - "apetecia-me algo":não, mais doce do que um mísero ferrero, o que me apetecia mesmo, era, receber mais testemunhos/imagens deste tipo. É que, pelos visto, os girassóis nascem quando um homem quiser.Girassóis em Dezembro?!

E o nosso irmão Lobo, sim aquele enorme cão, Zacarias! Mas que composição. Até parece que estou a ver o nosso jovem de Assis estendendo a mão para o facínora convertido!!!(Sem desprimor para o teu belo animalzinho!!!Aqui em casa somos mais pelos gatos, pronto!)

 Olha só, eu acho que isto é um pequeno milagre do nosso querido Francisco como quem diz, não desistam de continuar a utilizar a net para dar conta destas pequenas notícias que tornam GRANDES os nossos dias.Vês, meu caro Frei Morgado, é disto que aqui por casa a gente gosta! A gente g@asta! Vá lá, o raid googleniano de ontem está a surtir efeito! E num passe de mágica acho,mesmo, que já vem mais correio a caminho!!!


publicado por animo às 02:47
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Sexta-feira, 21 de Novembro de 2008
ÚLTIMA HORA. NÃO NOS ESCAPAM!!!
fafe2
-Não fujas, Agostinho Vaz, estamos a ver-te cá de cima, homem!!! Rende-te ao irmão sol!!! Pensavas que escapavas?! Hein?!

-Mas... onde é que esais que não vos vejo, Senhor?!
- Qual Senhor, qual carapuça, meu?! Somos nós, a redacção em peso do irmão sol!!!

serafao2
-Oi, Joaquim Afonso, então aí na sorna, a passar o fim-de-semana na terra hein?! Vá lá escrever uma crónicazita aqui para o irmão sol, como fazias para a revistinha IDEAL,meu!!

-Senhor, quem sois, onde estais que não vos vejo?!
-Outro! Mas qual Senhor, qual o quê, não invoques o Santo nome de Deus em vão, vai mas é escrever a croniqueta e, se quiseres, e puderes envia uma foto desse telemóvel que a todos nos pode ajudar...

-Mas, quem é que assim me fala, pedindo-me colaboração, a mim, que passo a vida a queixar-me de que nunca ninguém me pede nada...
gondomar2
-Arméniiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiioô, oi,meu, que é feito de ti, aí pelo Colégio de Gondomar, hein?! O quê, já não estás aí?

Senhor piloto do nosso helicóptero, vamos encaminhar-nos para Abiúl. Este nosso amigo está lá a passar o fim de semana, se pensa que nos escapa!

Para Abiúl e em força!!!

abiul2
-Ei, Firmino, Leonel Ribeiro Santos, Arménio, olhem quem está a chegar? O Agostinho Mendes!Uau, Bingo!!!

-Mas quem sois, Senhor, onde estais?! O que é que quereis de nós? Que regressemos ao Convento, mas agora é tarde, isso já foi há tanto temp....
-Mas regressar o quê?! Deixem-nos pousar, gente! Só temos saudades de vocês e queremos vir trocar aqui dois dedos de conversa!!

ac


publicado por animo às 15:32
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