Sim, sei que me esqueci de que continuas a ser o pilar certo com que posso contar para chegar à Outra Margem.
Sim, sei que me esqueci de que mesmo nos dias mais sombrios, nas manhãs sem Beleza, Tu continuas a ser a minha Única Certeza.
Sim, sei que me esqueci que na mais esplendorosa panorâmica como na mais recôndita e inóspita encosta sempre vou encontrar-Te,
mas,
por favor, não deixes de em Ti me fazer Acreditar, tanto o peso dos dias sem horizonte que já levo nesta cidade.
Sim, eu sei que me quiseste pôr à prova por muito que rejeite as ideias que te fazem ora o Deus castigador ora o Deus sempre a jeito quando a vida se renova.
Sim, quero estar de corpo e alma na cidade nova que me destinas mas não me deixes, não me abandones, chama por todos os meus nomes.
Eu hei-de descobrir-Te e, tal como o sol, vencer mais esta abafada e cinzenta manhã.
antónio colaço
Se nenhum contratempo se atravessar nos nossos dias, estarei com a minha querida Maria Filomena, ela mesma uma antiga aluna, no almoço dos antigos alunos do antigo Colégio de Mação e que terá lugar no próximo sábado, dia 30 do presente mês de Junho no restaurante O Godinho, em Mação.
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Se abrirmos as páginas dos jornais regionais, mas não só, vemos como hoje em dia têm lugar encontros, ou melhor reencontros, de antigos alunos, de antigos colegas da escola primária, de antigos colegas do liceu, de antigos colegas da faculdade, de antigos colegas da tropa ou, mesmo, de antigos colegas do trabalho.
Ou seja, uma dinâmica de saudade parece ter tomado conta destes nossos amigos que escolhem a mesa como privilegiado lugar de partida e chegada para a relembrança de velhas histórias e velhas cumplicidades de que se fez o ontem dos seus dias. Aquie aliouve-se, “coisas de velharada reformada, é o que é!”
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Tenho o privilégio de ter recorrido, desde há muitos anos, primeiro, às cartas seladas com o saudoso lamber das pequenas estampilhas, vulgo “selos”, depois, através das mais recentes e modernas novas tecnologias, como os mails, os blogs, os telemóveis, para acabar no eficaz e espantoso “Facebook” ( ainda ontem tropeceinum amigo com quem ainda não me reencontreifisicamente mas com quem retomeio contacto passados mais de 40 anos sem saber por onde andava, eu que tanto escarnecido referido Facebook!!) para conseguir manter o contacto com os meus amigos quer da cardiguenseinfância, quer os colegas dos primeiros anos de seminário.
Seique por vezes fuiacusado de estar “demasiado agarrado ao passado” mas o que se passava e passa, felizmente, é que o que sempre me interessou foique nada se perdesse do presente dos dias daqueles com quem cresci.
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Tudo isto para dizer que estou, portanto, muito à vontade para valorizar estas iniciativas e procurar ver nelas não só um renovar de cumplicidades como, sobretudo, um congregar de vontades para o muito que ainda temos para dar às nossas comunidades.
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Não tendo nunca andado no velho Colégio D.Pedro V tenho muito bem presentes as minhas penhascosenses manhãs a caminho da escola primária em que assistia às boleias das velhas carrinhas Wolskvagen do Sr.Oliveira que levavam para Mação, não só o pão fresco como os alunos e alunas vestidas com suas batas pretas listadas de verde.
Neste interior cada vez mais desguarnecido de forma irresponsável de um mínimo de infra-estruturas que ajudem à sua afirmação no contexto de um país-todo – de que a vergonhosa e pesada introdução das portagens é o mais gritante exemplo de asfixia a que nos submetem - litoral e interior em pé de igualdade, o Colégio de Mação, para o melhor e para o pior, foiuma fantástica resposta dos nossos antepassados.
Que respostas poderemos nós também dar, a partir das tantas conversas do próximo dia 30, para a reafirmação que se deseja?
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Ao olhar com deslumbrada ternura para esta imagem que hoje partilho, reafirmo a vontade de continuar a procurar um presente para o nosso passado, como se nunca nada tivesse deixado de se passar, que o mesmo é dizer, como diz o meu amigo Mário Pissarra, do que se trata, hoje, é “de saber envelhecer com sabedoria”, ou, quem sabe, digo eu, envelhecer com renovada juventude!!!!
antónio colaço
O ÚLTIMO IMPROVISO NA MÃE D'ÁGUA....
registado pelo meu Nokia E72 que acaba de dar entrada no SO do Hospital Nokia, ao Areeiro.
Assim se exibe pela primeira vez, como, mais do que um Requiem, um ALELUIA que o convoque para a desejada Ressurreição!
Obrigado, Nokia, pelas horas de tanta e saudosa cumplicidade!
antónio colaço
A última imagem captada, ontem, pelo meu Nokia.Esta manhã caiu num pequeno tanque de acesso à Piscina Municipal do Restelo.
O meu NOKIA ficou internado no SO do Hospital da Nokia, ao Areeiro.
Até amanhã está impossibilitado de receber visitas.
Despediu-se de mim com um sms de olhos tão ternurentos, tão cúmplices, tão felizes por tudo o que comigo partilhou e o enfermeiro também me disse “temos de acreditar!”
Acho que nunca mais vou poder contar com a sua disponibilidade para ouvir quer gente mais poderosa, quer gente mais simples ou, mesmo, gente daquela para quem ninguém olha como ele tantas vezes olhou, com uma raiva de diafragma enfurecido por mais nada poder fazer senão registar, quando o que lhe apetecia era mesmo banir, exterminar.
O meu Nokia72 ficou em observação, perguntei se podia visitá-lo à noitinha, pegar-lhe na mão, fazer-lhe festas como quando me ajudou a fechar os dias e suas Vésperas.
Fica bem, mesmo que os teus dias já tenham terminado, fomos muito mais longe do que alguma vez havíamos pensado.
Sinto-me orgulhoso de ti porque sabes que nunca te vi como um fim a que, deslumbrado de mim, te tenha ostentado, antes, um meio, para conseguirmos o a paz e o bem ainda não alcançados.
Desculpa-me o desleixo de te ter deixado afogar.
Quem sabe amanhã acordas e de novo vamos voltar a festejar a alegria de um novo dia.
“Temos de acreditar!”
antónio colaço