Boa tarde amigos
A organização, agradece a todos os presentes no encontro do passado dia 8/9 em
Fátima, e saúda todos os ausentes, que por várias razões não poderam estar presentes.
O encontro deste ano teve uma participação muito inferior ao esperado, relativamente a anos
passados, ficou mais ou menos pela metade, (será por causa da crise?).
decorreu com normalidade, dentro do esquema habitual e sem incidentes conhecidos.
Não podemos deixar de assinalar aqui, um agradecimento ao Pe. Manuel Rito Dias
(superior de Fátima), o carinho, a disponibilidade a amabilidade com que nos recebeu.
A todo a comunidade franciscana de Fátima, muito Obrigado.
Como ficou definido no dia 8/9, para o próximo encontro, será discutido os estatutos
desta Associação, pelo que junto, envio um projecto para análise, e para darem
sugestões, de maneira a ter um documento final, para ser apresentado e votado
no próximo encontro.
Junto envio o "Recordar é Viver", a nossa publicação que é entregue a quem vai ao encontro.
Pe Anselmo Borges
In DN
UM PAPA DA FRENTE
Segundo o protocolo, um cardeal é tratado por Eminência. O cardeal Carlo Maria Martini recusava esse tipo de tratamento: "Chame-me Padre Carlo Maria Martini."
Até nisto era eminente. Por isso, denunciava vícios impregnados na Igreja. Para ele, "o vício clerical por excelência" é a inveja. Mas há outros pecados capitais na Igreja: a vaidade e a calúnia. "Que grande é a vaidade na Igreja! Ela tem essa tendência para a ostentação, o alarde." E há o "terrível carreirismo" clerical, especialmente na Cúria Romana, "onde todos querem ser mais". Precisamente por causa do carreirismo é que muitos se calam: "certas coisas não se dizem, porque se sabe que bloqueiam a carreira." Isso é "péssimo na Igreja". A verdade brilha pela ausência, pois "procura-se dizer o que agrada ao superior e age--se como cada um imagina que o superior gostaria, prestando deste modo um fraco serviço ao Papa".
Especialista em ciências bíblicas, Martini era um intelectual reconhecido mundialmente, com vários doutoramentos e falando muitas línguas. Foi Director do Instituto Bíblico de Roma e Reitor da Universidade Gregoriana. Depois, esteve à frente da arquidiocese de Milão durante 22 anos e presidiu ao Conselho das Conferências Episcopais da Europa. Quando completou 75 anos, retirou-se para Jerusalém - não quis ficar perto do Vaticano: "Jerusalém é a minha pátria. Antes da pátria eterna."
Falava com liberdade interior limpa, em sincera sintonia com os problemas dos homens, das mulheres e dos jovens, e tinha convicções e coerência de vida. Não receava discutir com Deus e fazer-lhe perguntas - não disse Heidegger que "a pergunta é a piedade do pensamento"? "Como bispo, perguntei frequentemente a Deus: porque não nos dás ideias melhores, porque não nos fazes mais fortes no amor, mais corajosos ao lidar com as questões actuais?" Não conseguia compreender porque é que Deus deixou morrer o seu Filho na cruz. "Combati com Deus", "porque, quando vejo o mal do mundo, fico sem alento e entendo os que chegam à conclusão de que Deus não existe".
Não era de modo nenhum partidário de propostas tíbias, e criticava a nossa sociedade, que não sabe viver com a dificuldade e, "no fundo, se baseia no espectáculo e no aparecer", mas ousou enfrentar com realismo e valentia questões de ética, nomeadamente no domínio sexual, como a homossexualidade, a contracepção, o preservativo, o problema dos divorciados recasados -"prevejo que a Igreja deva encontrar soluções para estas pessoas"-, e propugnava reformas profundas na estrutura da Igreja, como mais participação de todos, fim do celibato obrigatório, ordenação de mulheres - "os homens de Igreja têm de pedir perdão às mulheres".
Era um místico, que confiava radicalmente em Deus. "Talvez, ao morrer, alguém segure a minha mão. Desejo nesse momento poder rezar. Durante toda a vida reflecti sobre Deus e sobre o além; neste momento, não sei nada a não ser que eu próprio na morte também me sinto acolhido. Isto é também a minha esperança." No seu último escrito no Il Corriere della Sera, escreveu: "Deus quis que passássemos por esta 'dura viela' que é a morte e que entrássemos na escuridão que mete sempre um pouco de medo. A morte obriga-nos a confiar totalmente em Deus."
Gostava da expressão "a concupiscência da criatividade" e declarava-se um enamorado da justiça, "o atributo fundamental de Deus." Reclamava coragem para si e para Igreja, também porque "a vida me demonstrou que Deus é bom", um Deus que sentia "nas estrelas, no amor, na música, na literatura e na palavra da Bíblia". "O assombro pode levar a Deus."
Homem de diálogo, criou em Milão a "Cátedra dos não crentes" e, reportando-se a um pensamento de Norberto Bobbio, dizia: "O que me interessa é a diferença entre pensantes e não pensantes. Quero que todos vós sejais pensantes. Depois, escutarei as razões de quem crê e as de quem não crê."
A quem o acusava de ser anti-Papa, respondia: "Serei um 'ante--Papa' (um Papa da frente), alguém que se adianta ao Santo Padre como seu colaborador e que trabalha para ele."
COMENTÁRIO
Um destes dias escrevi aqui a propósito do título que escolhi para a minha exposição em Oleiros (1 de Outubro, inauguração do Hotel Santa Margarida), A ARTE NÃO EXISTE.A ARTE SOMOS NÓS, uma derivação que me parecia natural:DEUS NÃO EXISTE, DEUS SOMOS NÓS.
No princípio tremi.
Um trocadilho a soar a heresia, credo!
Mas, hoje, estou cada vez mais consciente da sua verdade.
Ao ler Martini, convocado, uma vez mais, pelo nosso amigo Anselmo, as suas dúvidas, o seu Tu-cá-Tu lá com Deus, de facto, só podemos concluir nesse sentido.
Ou seja o DEUS CRIADOR em que acredito - rejeitado o Deus temor com que me acenaram desde sempre - só pode mesmo estar presente na sua obra criada, ser parte VIVA e ACTUANTE dela e nela.
Ele quer é que façamos o trabalho de casa de O descobrirmos, assim, no meio de nós, um como nós.
Obrigado, Carlo,obrigado, Anselmo.
antónio colaço
Excelente convívio entre todos os Antigos Alunos Capuchinhos que estiveram presentes em Fátima, no dia 08.
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Apetece perguntar: está por aí alguém...que tenha estado em Fátima e que queira partilhar algumas fotos ou testemunhos?
Um destes dias vamos...desabafar duas ou três coisas que trazemos na alma amordaçadas...
antónio colaço
Ninguém imagina as condições de edição do irmão sol ( e do conjunto das publicações desta holding de afectos, como sejam a ânimo/blog e Facebook e animus ) a todos os níveis.
Porém, a cada hora que passa as condições técnicas esmagam e manietam o ânimo que nos resta e nada mais podemos fazer.
Nos próximos dias regressaremos a Lisboa e esta pachorrenta maquineta - a quem devemos, no entanto, ter mantido a chamazinha acesa - entregará a alma ao criador.
Tudo para dizer que se torna praticamente impossível manter o ritmo de edição a que habituámos os nossos amigos.
A reportagem sobre Fátima que recebemos do nosso irmão Frei Manuel Rito aguarda, pois, novas condições técnicas para ser editada bem como do Agostinho Vaz que tem estado a editar no Facebook.
A todos, o pedido de desculpas.
Obrigado.
antónio colaço
Querida e saudosa Mãezinha, Maria José, sabes que há dois anos, neste dia de todos os desmoronamentos eu próprio me desmoronei a alta velocidade ao Km 58.5 na A1 no sentido Porto-Lisboa, tinha 58.5 anos.Creio que a tua agora eterna mãozinha me fez sair vivo e praticamente ileso da amálgama de ferros e chapas retorcidas após não sei quantas carambolas. Sabes como me custa falar do Deus sempre a jeito que salva uns e permite que outros lá fiquem - eu agradeci-LHE, no entanto, como sabes.
Um dia vou perceber como são os dias - O DIA? - Aí onde estás, ou, melhor, És, melhor dizendo se é que posso dizer!
Sei que quando o Citroen finalmente aterrou na berma da estrada nos segundos que me restaram imaginei-me a ter a possibilidade de vir contar aos meus como tudo se passava por Aí (custa-me nomear essa Infinita realidade... as ridículas figuras que fazemos e que vos faz rir (como é rir na Eternidade, Mãe?!).
O Facebook dá-nos esta rara possibilidade de voltar a estar no teu regaço, como se nenhum mal fosse acontecer-me.
Ontem foi o dia dos teus anos, Mãezinha, hoje, faz de conta que é o meu segundo 15 de Janeiro de 52.
Hoje vamos passar este dia juntinhos.
Beijo-te, Maria dos Remédios como também te chamavam.
Tu és, hoje, o Remédio da minha Ressuscitada Alma.
Quero ser digno desta segunda oportunidade para VIVER!
Obrigado!
Uma sandália e o Requiem de Mozart (que há três anos me acompanhava no Citroen porque impossível retirá-lo!!!) os meus únicos "salvados" daquela noite, para além de mim próprio.
Embora viajasse, afortunadamente, sozinho, vindo de um Encontro de antigos alunos que organizara, deixo um obrigado a todos os que me/nos ajudaram naqueles dias.
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Pe Anselmo Borges
In DN 8 Set
UMA IGREJA OUTRA É POSSÍVEL
No dia 8 de Agosto, em jeito de testamento espiritual, deu a sua última entrevista, no Il Corriere della Sera, afirmando que a Igreja precisa de "uma mudança radical. A começar pelo Papa e pelos bispos". Preocupava-o uma Igreja 200 anos atrasada, sem vocações, agarrada ao bem-estar: "os nossos rituais e vestimentas são pomposos." "Na Europa do bem-estar e na América, a Igreja está cansada." Três instrumentos para sair deste esgotamento: "O primeiro é a conversão. Deve reconhecer os próprios erros. Os escândalos de pedofilia obrigam-nos a empreender um caminho de conversão. As perguntas sobre a sexualidade e sobre todos os assuntos que dizem respeito ao corpo são um exemplo. Devemos perguntar-nos se as pessoas ainda escutam os conselhos da Igreja em matéria sexual. A Igreja é ainda uma autoridade de referência ou apenas uma caricatura nos media?" O segundo conselho e o terceiro têm a ver com a recuperação da palavra de Deus e dos sacramentos como ajuda e não como castigo.
O cardeal Carlo M. Martini morreu na semana passada. Lúcido, e depois de ter recusado a obstinação terapêutica. Perito em crítica textual do Novo Testamento, foi arcebispo de Milão durante 22 anos e um intelectual eminente. Homem de diálogo - é um best-seller a obra Em Que Crê quem não Crê, debate com o agnóstico Umberto Eco -, era a figura mais brilhante do Colégio dos Cardeais.
Em 2008, exprimiu, com coragem, o seu pensamento sobre questões fundamentais para a Igreja e para o mundo actual, num livro de conversas com outro jesuíta, G. Sporschill: Colóquios Nocturnos em Jerusalém. Aí, interrogava-se: "Quando o Reino de Deus chegar, como será? Como será, depois da minha morte, o meu encontro com Cristo, o Ressuscitado?"
Causava-lhe preocupação "a falta de coragem". "A Igreja deve ter coragem para reformar-se", pois ela "precisa constantemente de reformas". "Porque eu próprio sou tímido, digo a mim mesmo na dúvida: coragem!" Atreveu-se a pôr Lutero, "o grande reformador", como exemplo, recordando que "a Igreja católica se deixou inspirar pelas reformas de Lutero no Concílio Vaticano II". A Igreja actual tem "medo", mas, se Jesus voltasse, "lutaria com os actuais responsáveis da Igreja", recordando-lhes que "não devem estar fechados em si mesmos, mas olhar para lá da própria instituição".
Foi sempre fiel à "sua" Igreja, que devia ser "uma Igreja simples, com menos burocracia", pobre, humilde, que não depende dos poderes deste mundo, uma "Igreja inventiva", "jovem", que dá ânimo sobretudo aos mais pequenos e pecadores, que luta pela justiça, mais colegial, e que volte ao Concílio, pois "há a tendência de afastar-se dele".
Sobre a juventude e a sexualidade, incluindo as relações pré-matrimoniais: "nestas questões profundamente humanas, não se trata de receitas, mas de caminhos." A Igreja deve ir ao encontro de uma sexualidade que não está "reservada ao confessionário e ao âmbito da culpa", uma sexualidade "sã e humana", com "uma nova cultura que promova a ternura e a fidelidade".
Foi sensível no trato com os homossexuais e compreendia o uso do preservativo. Confessou que a encíclica Humanae Vitae, em 1968, com a proibição da "pílula contraceptiva", "é co-responsável pelo facto de muitos já não tomarem a sério a Igreja como parceira de diálogo e mestra". Mas estava convicto de que "a direcção da Igreja pode mostrar um caminho melhor do que o da encíclica". Procuramos "um novo caminho" para falar sobre a sexualidade, a regulação da natalidade, a procriação medicamente assistida. Contra o celibato obrigatório, disse que era preciso "debater a possibilidade" de ordenar homens casados e de abrir a ordenação às mulheres.
Reconheceu as suas "dúvidas de fé". "Combati com Deus", "porque, quando vejo o mal do mundo, fico sem alento e entendo os que chegam à conclusão de que Deus não existe". Mas acreditava que "o amor de Deus é mais forte", e o inferno está vazio.
Alguma imprensa inglesa definiu-o como o "Papa perfeito para o século XXI". Como seria a Igreja, se Martini tivesse sido Papa? De qualquer modo, ele foi um exemplo de que uma Igreja outra é possível.
COMENTÁRIO
"Foi sempre fiel à "sua" Igreja, que devia ser "uma Igreja simples, com menos burocracia", pobre, humilde, que não depende dos poderes deste mundo, uma "Igreja inventiva", "jovem", que dá ânimo sobretudo aos mais pequenos e pecadores, que luta pela justiça, mais colegial, e que volte ao Concílio, pois "há a tendência de afastar-se dele".
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Tanto que apetece dizer mas, sobretudo, tanto que apetece continuar a fazer acreditando que, por estes dias, essa Igreja é possível.
Às vezes, pergunto-me de que se faz o silêncio do silêncio do Espírito?
Por quê tarda tanto, ou, antes, por que tardamos tanto em dar por Ele no meio de nós, como que a incentivar-nos, "a felicidade está ao vosso alcance, Eu estou no meio de vós, acreditai, homens de pouca fé!O trabalho é vosso. As formas de reorganização e de reformulação de todos os desvios, essa tarefa está nas vossas mãos."
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Obrigado, Carlo Martini.
Obrigado, Pe Anselmo, por estas centelhas de Luz que nos ajudam a romper a escuridão dos dias cada vez mais tenebrosos em que nos mantêm alguns senhores lá do alto, quer do Estado quer da Finança, quer de uma Igreja, cada vez mais manietada pelos fios de uma teia que ela mesma persiste em tecer.
antónio colaço
Mão amiga fez-me saber que o título para a minha mais recente obra de..."arte pública" é muito perigoso pois pode induzir a troika a confiscá-la e colocá-la ao serviço do BCE como forma de sustentar as suas últimas medidas para proteger o euro....
Acabo de saber que a minha exposição "A ARTE NÃO EXISTE.A ARTE SOMOS NÓS", a inaugurar no novo Hotel SANTA MARGARIDA, em OLEIROS, no dia 1 de Outubro, por um triz não era vista pelo nosso Primeiro-Ministro (comigo só maiúsculas!)?
É que o Hotel vai servir o almoço no próximo dia 19 deste mês, ficando, assim, as douradas laranjinhas a salvo de qualquer tentação.....
Nesta última imagem, a obra quase completa!
Faltam, apenas, a vintena de laranjas "engilhadas", meio carcomidas e que estão no... Banco de Portugal a levar o banho de ouro.... não vá o Diabo tecê-las!!!
antónio colaço